ESTILO

A inovação no mercado de aveia

A foodtech Nude. chega ao mercado com uma ampla variedade de leites à base de aveia e toma a frente nas ações em prol da sustentabilidade no setor

Quando decidiu fazer uma transição de carreira, a paranaense Giovanna Meneghel já sabia que iria para os lados da sustentabilidade. Com uma carreira de dez anos na moda, em que passou por gigantes como Alexander McQueen, foi a partir de uma mudança para Berlim, em 2016, que começou a perceber os novos contornos que sua vida ganharia. Foi lá que se encantou com as possibilidades de uma velha conhecida: a aveia.

Sua família é proprietária da empresa SL Alimentos, que produz o ingrediente há trinta anos. Na capital alemã, entretanto, percebeu um movimento intenso especificamente ao redor do leite de aveia – e como no Brasil ainda não havia nada parecido. “Comecei a entender a inovação na aveia, além do que já estamos acostumados [no Brasil]. Juntei o que vi nas feiras ao que estava acontecendo no mercado”, conta Meneghel. Assim nasceu a Nude., foodtech especializada em produtos desenvolvidos à base de aveia orgânica.

(Foto: divulgação)

A primeira linha chegou aos mercados no início deste ano, com leite feito de aveia orgânica em cinco variações: o normal; barista; com cálcio; com baunilha; com cacau. “Estamos trabalhando com baristas para entender a combinação com o café. Ele [o leite de aveia] não atrapalha o gosto do café, tem uma boa cremosidade e está tendo uma aceitação fantástica”, afirma Meneghel, que ocupa o cargo de CEO da empresa.

Mas é na sustentabilidade e na preocupação ambiental que a Nude. mostra seu diferencial. A marca é a primeira na América Latina a colocar na embalagem a pegada de carbono do produto. Para isso, as emissões dos gases causadores do efeito estufa são rastreadas em todo o processo: desde a plantação, passando pelo transporte, energia, perda no processo produtivo, até o produto chegar às gôndolas do supermercado. “Esse cálculo é só o início. Com isso em mãos, olhamos para a cadeia produtiva e vemos onde podemos melhorar. Ficamos felizes de iniciar essa conversa no Brasil”, ressalta.

“Esse é um caminho sem volta. A empresa que não levantar a bandeira da sustentabilidade está fadada ao fracasso.” – Giovanna Meneghel

Por si só, o produto é mais sustentável. Enquanto um litro de leite de vaca tem uma pegada de carbono de 3,2kg de CO2, um litro de leite de aveia da Nude. tem 0,40kg. Um estudo realizado pelos pesquisadores Joseph Poore e Thomas Nemecek, na Universidade de Oxford, mostra que a produção de um copo de leite de vaca emite quase três vezes mais dióxido de carbono do que qualquer alternativa vegetal. A América Latina e o Caribe são os maiores emissores de gases poluentes para produção de um copo de leite – acima da média global.

A produção de alimentos é responsável por um quarto de todas as emissões. Dentro disso, a pesquisa aponta, ainda, que a maior parte das emissões são da carne e de outros produtos animais. “Esse é um caminho sem volta. A empresa que não levantar a bandeira da sustentabilidade está fadada ao fracasso”, constata.

Giovanna entende, também, que parte importante dessa mudança é conscientizar o consumidor para que ele entenda a importância de informações como essas. “É preciso tornar isso palpável para o consumidor.
Incentivamos, em nossa comunicação, outras empresas a fazerem o mesmo, a fim de iniciar essa conscientização”, aponta. Quanto mais transparência, menos greenwashing.

(Foto: divulgação)

“Há muitas empresas que usam a sustentabilidade como marketing, sem embasamento. Ou falam só de uma parte da cadeia. Mostrar a pegada de carbono é uma ferramenta contra isso”, defende. O modelo de negócio também contempla valores pontuados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e no Sistema B, além de pensar no descarte das embalagens, com o selo “Eu Reciclo”. “Ser orgânico é o mínimo neste contexto”, conclui Meneghel.

O leite já foi incorporado por algumas cafeterias curitibanas, como Lucca Cafés Especiais, Royalty Quality Coffee, Supernova Coffee, Orna Café e Prestinaria.

*Matéria originalmente publicada na edição #246 da revista TOPVIEW.

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