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5 dias em Estocolmo

por Nathalia Arduini, de Estocolmo

Um dos principais centros urbanos da Escandinávia, Estocolmo chama a atenção por ser a capital de um país que é referência em praticamente todos os itens que medem qualidade de vida. Rodeada pelas limpas águas do Mar Báltico, a cidade é formada por 14 belas ilhas que estão conectadas entre si por 57 pontes. Além de ser agraciada por 26 parques, Estocolmo é rodeada por um arquipélago de cerca de 30 ilhas repleto de áreas verdes, que dão um respiro ainda maior à capital da Suécia. O alto investimento em educação e tecnologia torna o local um polo de inovação ao atrair profissionais, artistas e designers locais e estrangeiros. Tudo isso, somado ao fato de o país ter mais de 750 anos de história, faz desta uma das mais majestosas capitais do mundo, que seduz mais de um milhão de visitantes anualmente.

Do inverno ao verão, a cidade oferece uma variada e interessante programação, que faz valer a pena a viagem de mais de 15 horas entre o Brasil e a Suécia. Como em qualquer região nórdica o frio é garantido por pelo menos nove meses ao ano. Se a intenção é fugir dele, a melhor época para conhecer esse destino é no colorido verão ou no final na primavera. Mas, se a idéia é desfrutar de uma paisagem típica de frio, o outono é incrível com suas folhas de árvores douradas nas calçadas. Já o inverno rigoroso é ótimo para praticar esportes na neve e contemplar um cenário extraordinário e exótico do mar (camadas superficiais) e canais congelados. Para curtir a cidade,  basta escolher a época de sua preferência, preparar as malas e seguir o roteiro completo que a TOP VIEW preparou. Boa viagem!

 

As finas e sinuosas ruas de paralelepípedo do Gamla Stan levam a um cenário incrivelmente europeu, rodeado por charmosos cafés e restaurantes. Foto: Jeppe Wikstrom
As finas e sinuosas ruas de paralelepípedo do Gamla Stan levam a um cenário incrivelmente europeu, rodeado por charmosos cafés e restaurantes. Foto: Jeppe Wikstrom

1º DIA – Passeio no coração da capital
Frequentado tanto por locais quanto por turistas, o Gamla Stan – também chamado de Old Town – é o coração da cidade. Essa região é considerada um dos maiores e mais bem preservados centros medievais da Europa. Foi aqui que Estocolmo foi fundada em 1252 e onde se encontram destinos clássicos como o Royal Palace, a Stockholm Cathedral e o Nobel Museum. Porém, se a ideia é aventurar-se por um destino mais contemporâneo, as finas e sinuosas ruas do arredor permitem descobrir a essência da cidade. Aqui estão charmosos cafés, restaurantes, bares e galerias, além de lojas de artesanato local, que realçam o design sueco em joias, peças de decoração e moda. Esses estabelecimentos estão ancorados por belíssimos prédios históricos que destacam a arquitetura escandinava do século XIII.

Se for um final de semana, a sugestão gastronômica fica por conta de um almoço no Sjätte Tunnan. Há pratos que levam óleos trufados, salmão com molhos picantes, queijo de cabra e carnes de alce acompanhadas por geleias de frutas vermelhas típicas. Depois, atravesse a ponte Strömbron e siga para a ilha vizinha Skeppsholmen, onde fica o Moderna Museet, um dos mais importantes museus de arte moderna e contemporânea da Europa. O local apresenta uma preciosa exposição permanente, que concentra obras de artistas locais e estrangeiros dos séculos XX e XXI, como Barbara Kruger, Henri Matisse e Sven X:et Leonard Erixson.

 

2º DIA – Gastronomia local

 

 

Dia de caminhar pelo novo centro. Comece pela rua Drottninggatan. No caminho, você perceberá a paixão dos suecos pelo café (o país é o segundo maior consumidor do mundo) pela quantidade de cafés e pâtisseries que a cada esquina exalam o aroma da bebida. Logo, você chegará à praça Hötorget, onde acontece uma feira em dias de semana. Aqui mais aromas o encantarão. O perfume das típicas frutas vermelhas, como framboesas, mirtilos, cerejas e muitas outras que só são encontradas aqui, mistura-se ao das flores. Nessa praça ainda fica o Hötorgshallen, uma espécie de mercado municipal. Antigamente, os suecos desenvolveram técnicas para conservar os alimentos que só poderiam ser colhidos e consumidos na primavera ou no verão, para poder degustá-los durante o inverno. Felizmente o costume em elaborar essas iguarias permanece até hoje e não há nada como provar legítimas frutas secas, queijos e embutidos. Aproveite para conhecer também o Östermalms Saluhall, outro food market, ainda mais sofisticado. Para chegar lá basta seguir a rua Kungsgatan. Nesse mercado, salmão, caviar, lagosta, lagostim e caranguejo enfeitam as vitrines durante o ano todo.

Agora, você já chegou no Östermalm, o bairro mais nobre de Estocolmo. Aqui, lojas refinadas de marcas locais como Filippa K misturam-se a marcas internacionais, como Prada e Hugo Boss.

 

3º DIA – Da natureza a uma badalada noite

 

 

Para conhecer o arquipélago que rodeia a cidade, há várias opções de passeios em iates e modernos ferry boats. O ponto de partida pode ser do Central Lake, Gamla Stan ou outras ilhas centrais. O destino, dependendo da época do ano, pode ser desde uma bela praia no verão a uma caminhada sob o gelo durante o inverno. São muitas opções de entretenimento nas ilhas do arredor, pois é onde ficam as casas de finais de semana dos moradores de Estocolmo. Velejar, praticar esportes ao ar livre e curtir a natureza são um dos programas favoritos dos suecos. Uma sugestão é ir até a ilha de Gålö, onde é possível caminhar sob as pedras e praias, pescar ou apenas apreciar a paisagem. Vale ressaltar que os moradores da capital orgulham-se da qualidade do ar e da água, considerados dos mais puros do mundo.

De volta à cidade, uma agradável noite na mais badalada casa noturna é uma ótima programação. O Café Opera foi inaugurado em 1980 como uma brasserie integrada a um nightclub e cassino. Imediatamente tornou-se um dos mais reconhecidos points VIP, recebendo um time de celebridades como David Bowie, Luciano Pavarotti e Madonna. A infraestrutura é de tirar o fôlego, com uma decoração que une o moderno e o clássico, já que a arquitetura da casa é datada de 1895. Mas, atenção: como é um espaço concorrido, as reservas precisam ser realizadas com meses de antecedência.

 

4º DIA – Shopping Day

 

 

Neste dia, vá até o NK (Nordiska Kompaniet), o mais requintado shopping de Estocolmo, com sete pavimentos em um estiloso prédio histórico de 1902. Repare na interessante integração dos espaços no subsolo a outros prédios no centro. Existem muitos túneis e passagens subterrâneas na cidade para a comodidade das pessoas em função do inverno rigoroso. No NK, as marcas internacionais dividem espaço com conhecidas marcas suecas, como J. Lindeberg, Acne e Anna Holtblad. Vale ressaltar a presença dos lendários fabricantes de cristal Orrefors e Kosta Boda, que exibem suas coleções completas.

Referência em design, a Suécia oferece muita inspiração aos visitantes que gostam do assunto. Aproveite e confira, ainda no NK, as peças assinadas por um time de laureados designers nacionais, de estúdios como a Design House Stockholm, Karl Andersson & Söner, Örsjö Belysning AB, Linum, e artistas plásticos como Agneta Livijn e Anna Kraitz. Além deles, destaque para marcas consagradas de design funcional escandinavas como a finlandesa Iitala e a dinamarquesa Georg Jensen, que realiza diversas parcerias com artistas, arquitetos e designers inovadores como o egípcio Karim Rashid.

Para finalizar a tarde, caminhe até a Kungstradgarden, um parque repleto de cerejeiras e área verde, para assistir ao pôr do sol. Aproveite para conhecer os bares e restaurantes dessa área nobre.

 

5º DIA – Cultural local

Se estiver um dia ensolarado, aproveite para ir até o Ericsson Globe para desfrutar de um lindo sky view e conhecer o estádio em formato de globo, que recebe grandes jogos, shows e eventos.

Depois, vá um pouco mais ao sul, até Djurgården. Nessa ilha, se for verão, vale a pena conferir o nostálgico parque de diversões Tivoli Grona Lund, que oferece modernos brinquedos e atrações para todas as idades. Destaque para o starflyer (carrossel moderninho), considerado o mais alto do mundo, e os shows e concertos musicais a céu aberto. Mas, se o plano é apenas caminhar e respirar ar puro, uma boa sugestão é conhecer o Royal National City Park, um reduto verde de fauna e flora que abrange uma área de 30 km2.

Se o dia estiver chuvoso, comece pela ilha Skeppsholmen para ver o Arkitekturmuseet – Swedish Museum of Architecture. Lá você encontrará uma mostra permanente sobre a arquitetura na Suécia, bem como sua função, estética e evolução em mil anos de construção no país. Na visita, é possível perceber porque o país é uma referência na área de planejamento urbano e arquitetura. Além dessa exposição, você também poderá conferir outras mostras periódicas, como a Light Houses – Young Nordic Architecture, que permanece até metade de fevereiro de 2014. Produzida para a Bienal de Arquitetura de Veneza, essa mostra apresenta uma visão sobre a arquitetura nórdica e destaca os desafios sociais enfrentados pelos arquitetos.

 

DICAS VALIOSAS
Onde se hospedar: os bairros mais interessantes e centrais são o Norrmalm, o Östermalm e o Slussen.
O que levar: não deixe de levar um bom casaco mesmo se viajar na estação mais quente. Principalmente durante a noite, as temperaturas caem para menos de 14°C. Se você estiver indo no outono ou inverno, casaco e botas impermeáveis, para a neve e temperaturas negativas, são indispensáveis.
Como se locomover: o transporte público é muito eficiente e seguro, com metrôs, trens, ônibus e barcos que circulam por toda a cidade e região. Pelo menos um dia, vale a pena alugar uma bike e passear pelas ciclovias.
Como se comunicar: apesar da língua oficial ser o sueco, 90% da população fala inglês fluente.

 

SEM DIFERENÇAS
Se os biquínis brasileiros causam espanto para alguns turistas, a liberdade feminina na capital da Suécia segue a mesma linha. Não é incomum encontrar garotas de topless em um parque movimentado de Estocolmo. Além da aura de liberdade que a cidade emana, a igualdade entre os gêneros é cultural. Homens e mulheres têm o mesmo direito e deveres. Aqui, os casais dividem as despesas, o homem cozinha e a mulher carrega as sacolas do supermercado e vice-versa. E se os meninos podem ficar sem camisa, as meninas também podem. Numa boa.

 

* Matéria publicada originalmente na edição impressa da TOP VIEW de março de 2014

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