ESTILO

O design por Guto Índio da Costa

O designer esteve em Curitiba para apresentar a premiada cadeira Serelepe e nós conversamos com ele

Vários países influenciaram o Guto Índio da Costa atual. Carioca, o designer já estudou nos Estados Unidos e na Suíça, trabalhou na Alemanha, França e Dinamarca e possui clientes na Itália, República Tcheca, Bélgica e México.

Tantas experiências internacionais fizeram com que o brasileiro criasse uma linguagem própria que, segundo ele, “é um misto da sensualidade brasileira com a precisão da técnica suíça”. Dessa identidade saíram projetos como o ventilador de teto Spirit, com mais de 250 mil unidade vendidas, o sistema carrapixxxo, que conquistou o primeiro prêmio no Salão Design Casa Brasil 2007, a carteira escolar inclusiva, premiada no concurso de design Handitec, na França e a cadeira ICZero1, vencedora do prêmio IDEA Brasil.

Conversamos com Guto Índio da Costa durante uma visita dele à Inove Galeria – ocasião em que lançou a cadeira Serelepe, vencedora do Prêmio Casa Vogue Design, e conversou com arquitetos da cidade.

Atitude Serelepe

Entre os projetos de Guto Índio da Costa está a cadeira Serelepe, recentemente premiada pelo Prêmio Casa Vogue Design.
Entre os projetos de Guto Índio da Costa está a cadeira Serelepe, recentemente premiada pelo Prêmio Casa Vogue Design.

Simples e sem braços. Leve, porém, resistente. Econômica, mas com tecnologia avançada. Assim é a premiada Serelepe, peça que nasceu para ser competitiva e com grande espaço no mercado. A cadeira é uma das mais versáteis da carreira do designer, e, segundo ele, não deve ficar sozinha. Guto Índio da Costa pretende criar uma família de cadeiras plásticas que possam ser utilizadas em qualquer ambiente – da sala de estar à varanda. “Pretendo transformar o design em casa vez algo mais democrático”, comenta o designer, que já desenvolve três novos modelos.

Geométrica, a cadeira não se parece com o nome dado a ela. Questionado sobre o por quê de Serelepe, a resposta de Guto veio rápida. “A gente achou que ela tinha que ter um nome super brasileiro e pouco comum, um nome que não tivesse muito a ver com a forma. Você se relaciona com as coisas que te cercam, então cada produto e objeto tem que ter uma alma, uma personalidade, uma atitude, um jeitão”, explica.

Futuro do design por Guto Índio da Costa

Como necessidade mundial, o design busca se renovar e trazer a sustentabilidade como premissa para criação de novos produtos. Para que isso se cumpra, a profissão está mudando cada vez mais rápido. O que antes era mais simples – apenas desenhar o produto – hoje se torna muito mais complexo, já que o trabalho deve ser mais consistente, abrangente e, ao mesmo tempo, natural.

“Eu vejo o design como uma ferramenta com um potencial muito democrático, potencial de levar a grande escala funcionalidade, conforto, conectividade e acessibilidade”, explica o designer, que também trabalha com mobilidade e mobiliário urbano. São nestas duas áreas que a profissão pode encontrar um amplo futuro sustentável.

Um dos grandes destaques de Guto para o futuro do design é a Internet das Coisas. Assim como os wearables –  as tecnologias de vestir – os produtos serão interligados, gerando uma super conectividade entre pessoas e até mesmo entre cidades. O designer garante que já está pensando em uma série de produtos com esta tecnologia que promete uma experiência diferenciada.

No caso do mobiliário urbano, Guto cita diversas possibilidades para interligar os objetos. Com a inserção de câmeras e sensores nas ruas, por exemplo, um poste pode iluminar mais ou menos conforme as pessoas passam. Outro exemplo são postes com câmeras integradas para ajudar a segurança pública. Assim, um sensor de barulho pode identificar acidentes e explosões, o que resulta em uma cidade inteligente.

Design internacional

Guto não vê grandes diferenças entre seu trabalho e o de empresas internacionais, muito pelo contrário, ele enxerga no design brasileiro inúmeras oportunidades. “Eu acho que a gente tem a oportunidade de levar o Brasil, as formas brasileiras e a linguagem do nosso desenho para o mundo. Eu acho que o mundo tem uma lacuna enorme aberta para isso”, comenta o carioca.

Com inúmeros prêmios, as peças de Guto também fazem sucesso nas vendas. Mas aliar a viabilidade comercial sem deixar de lado o apelo artístico é um desafio. “De certa forma limita o seu projeto. Por outro lado, eu acho que o desafio maior é justamente estas limitações, ou seja, conseguir soluções interessantes e criativas dentro deste limite”, conclui Guto.

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