ESTILO

Dani Black, o talento que lotou a Caixa Cultural Curitiba

Prestes a completar 30 anos, o cantor e compositor paulista explica Dilúvio, seu mais recente trabalho, e fala da influência da mãe, Tetê Espíndola

Entre os dias 4 e 6 de agosto, a Caixa Cultural Curitiba recebeu um dos grandes talentos da nova música brasileira, o cantor paulista Dani Black. Reconhecido pelo timbre potente e canções delicadas, o jovem – filho da cantora, compositora e instrumentista Tetê Espíndola – falou com exclusividade à TOPVIEW dias antes dos shows sobre seu mais recente trabalho, Dilúvio, e a relação do artista com Curitiba.

Dani Black traz consigo a leveza de um jovem de (quase) 30 anos e diz não ter neuras quanto à idade. “É só um número. A idade real está no estado de espírito e acho que quanto mais a gente vai chegando aos 30, mais entende isso”, explica. Para ele, ter 30 anos é ter maturidade para entender que a idade é só um código, um símbolo, “me preocupo mais em focar no crescimento real que independe do tempo, que não tem etiqueta”, acrescenta.

Para sua quarta vez em Curitiba, o cantor trouxe o segundo disco, Dilúvio, que ele traduz como “a intersecção entre a ferocidade do som e a delicadeza da poesia, super minimalista e delicada. É um abraço entre essas duas coisas”, reflete. A principal diferença entre este trabalho e o primeiro, lançado em 2011, segundo ele, é a estética. Dilúvio tem a presença mais forte de bateria, baixo e guitarra. Também tem uma pós produção mais intensa, “a gente colocou programações minimalistas eletrônicas, tem orquestra também, esteticamente ele é bem diferente do primeiro”, completa Dani. Seu trabalho de estreia era mais purista, mais acústico. “Mas os dois discos representam o cancioneiro, o compositor”, diz.

Ele, que já dividiu suas canções com grandes nomes da Música Popular Brasileira, como Zélia Duncan, Chico César, Maria Gadú, Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Tiago Iorc, Pedro Mariano e 5 a seco (grupo do qual fez parte), reconhece a riqueza e a importância da sua geração para o cenário atual da música brasileira. Mas admite que só está começando. “A nossa geração é muito plural, se mistura bastante e está realizando coisas bonitas, mas a gente está só no começo de uma estrada em que vamos descobrir muitas coisas ainda”,

Solteiro, “solteiraço” – como declarou, bem-humorado -, ele vive em São Paulo e conhece pouco Curitiba – ainda que considere a cidade organizada e “agradável de se estar”. A plateia, segundo ele, é educada, “muito cantante e calorosa”. “Senti que se identificou muito com nossas músicas [no show no Teatro Paiol, em 2015], eram engajados e entregues. Dão profundidade ao show. Foi bem marcante”, afirma.

E se vê semelhanças com a mãe, Tetê Espíndola? “Claro, ela é minha mãe (risos). E embora eu não ache que esteticamente seja óbvio, a influência dela está em toda parte. No coração da minha canção, ela está profundamente morando ali, porque é minha mãe. Cresci entre suas craviolas e suas vozes, é natural que a música dela esteja intrínseca no meu ser”, aprofunda.

Dilúvio foi finalista na categoria de Melhor Álbum POP do ano no Prêmio da Música Brasileira 2016, o mais aclamado prêmio de música do país. Também foi contemplado com duas nominações ao Latin Grammy 2016 e indicado a Melhor Álbum de Música Popular Brasileira. A canção Maior, que tem a participação de Milton Nascimento (veja o vídeo acima), recebeu a indicação de Melhor Música em Língua Portuguesa.

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