CULTURA CINEMA

Curitiba recebe Mostra de Cinema Russo Contemporâneo

Evento na Caixa Cultural exibe 12 filmes de 22 a 27 de novembro, tematizam desde perseguições políticas a histórias de amor

O cinema russo após a queda da União Soviética ganha mostra inédita na capital paranaense, na Caixa Cultural. De 22 a 27 de novembro, o evento exibe 12 filmes considerados relevantes para a história do cinema russo e do próprio país, e que tematizam desde perseguições políticas a histórias de amor.

Luiz Gustavo Carvalho, curador da mostra ao lado de Maria Vragova, destaca a contribuição da produção cinematográfica russa para o desenvolvimento do meio no século 20, citando a obra de diretores como Serguei Eisenstein e Andrei Tarkovsky, mas espera jogar luz na produção mais recente do país.

O cinema russo atual e os realizadores responsáveis pela continuação desta grande escola são, ao contrário, desconhecidos de grande parte do público”, analisa Carvalho. “A mostra tem o objetivo de proporcionar a mudança dessa situação, apresentando ao público brasileiro alguns dos melhores exemplos do cinema russo após a queda da União Soviética.”

O projeto também conta com palestras e debates com curadores e críticos, com entrada franca. Já os ingressos para os filmes custam R$ 4 e R$ 2 (meia-entrada) e são colocados à venda apenas no dia de apresentação de cada obra.

Programação:

22/11 (terça-feira)

16h Penitência, de Tenguiz Abuladze (1984)
Apesar de ter sido realizado em 1984, o último filme do diretor georgiano só pôde ser exibido ao público em 1987. Nele, artistas como Sandro Barateli e sua esposa são os primeiros a sofrer com o regime totalitarista instaurado em seu país. Anos depois, a filha decide vingar a morte dos pais e três gerações de uma família pagam pelos pecados dos seus antepassados. Penitência representa o final de uma época no cinema soviético e anuncia uma nova página na história do país, sendo considerado um dos primeiros marcos na arte audiovisual da época da Perestroika.

19h Mesa-redonda com os curadores Gustavo Carvalho e Maria Vragova, e o crítico de cinema russo Maksim Pavlov.

 

23/11 (quarta-feira)

16h Melodia das noites brancas, de Serguei Soloviev (1976)
O maestro e compositor russo Ilya e a jovem pianista japonesa Yuko conhecem-se em Leningrado. Após seu regresso para o Japão, Yuko tenta esquecê-lo, porém, durante uma gravação ressurgem sentimentos, acompanhados das lembranças das noites brancas do verão russo e a consciência do obstáculo que os separa.

19h ASSA, de Serguei Soloviev (1987)
Um mafioso intelectual vai à cidade de Yalta para roubar um precioso violino. Bananan, um jovem e talentoso músico, apaixona-se por Alika, amante do velho bandido. O filme narra o conflito entre duas épocas, o velho mafioso que incorpora a URSS e o rapaz sonhador da Rússia, na época da Perestroika. Uma das principais obras de Serguei Soloviev, o filme relata o fim do antigo império, e mostra-nos como tudo de positivo e atraente dos novos tempos nada mais é do que o resultado deste sistema e, por isso, é também condenado a naufragar com ele.

 

24/11 (quinta-feira)

16h Rosa preta – Emblema da tristeza, Rosa vermelha – Emblema do amor, de Serguei Soloviev (1989)
Hino tragicômico de uma época louca, no filme, os pais de Alexandra, querendo proteger a filha, a trancam na casa do avô. Isso não impede que ela conheça o dissidente Tolik, que acabou de sair do manicômio, e o extravagante órfão Mitia. A obra passou a ser também o emblema de uma marcha da luta e do entusiasmo de artistas que descrevem com veemência uma época caótica e de mudanças.

19h Palestra “O Cinema de Serguei Soloviev e o cinema de Perestroika”, com o crítico russo Maksim Pavlov

 

25/11 (sexta-feira)

16h Querida Elena Sergueevna, de Eldar Ryazanov (1988)
Elena Sergueevna, professora de um ginásio russo durante a Perestroika, recebe no dia do seu aniversário uma inesperada visita de quatro alunos. Grata e surpresa, ela os convida para sua casa, e só durante a noite percebe o verdadeiro motivo da visita. Um filme importante para compreender as mudanças no sistema escolar durante a época.

18h Palestra “O cinema na Rússia pós-soviética”, com o crítico de cinema russo Maksim Pavlov

20h Mercadoria 200, de Alexei Balabanov (2007)
Inspirado em um pequeno artigo de jornal, esse é, provavelmente, o filme mais importante na carreira de Balabanov, que faz, aqui, uma autópsia do seu país. Tendo como fundo a guerra do Afeganistão, este thriller conta a história de um policial maníaco, sua mãe, um professor universitário ateu, o líder do partido local e sua filha desaparecida, entre outros habitantes da pequena cidade soviética de Leninsk.

 

26/11 (sábado)

14h A pomba branca, de Serguei Soloviev (1986)
Em 1946, na pobre cidade de Poinciana, as crianças são confrontadas com a formação militar, a elite local ostenta falsas histórias nas salas de bilhar e bandos divertem-se com brigas sangrentas. É neste contexto que aparece na cidade uma linda pombinha branca. Quase morrendo, Ivan consegue apanhá-la e logo passa a ser cobiçado pela “máfia dos pombos”.

16h O sol enganador, de Nikita Mikhalkov (1994)
O premiado drama de Mikhalkov retrata as perseguições stalinistas da década de 1930. O legendário militar Kotov passa as férias com sua família em uma casa de campo. Tudo muda com a inesperada chegada de Mitia, a quem a família não via durante muitos anos.

19h30 O assassino do Czar, de Karen Shakhnazarov (1991)
Um novo médico assume a direção de um hospital psiquiátrico e se interessa por um doente que alega ter matado Nikolai II, o último Czar da Rússia. Ao longo das conversas com o paciente, ele compreende que a tragédia da família imperial é também a sua.

 

27/11 (domingo)

14h Essa não sou eu, de Maria Saakyan (2012)
Uma mãe, diretora de um coral de renome internacional, e sua filha, perdida entre a solidão e a tecnologia. Indiferentes aos próprios sentimentos, a distância entre ambas leva-as a arriscarem suas vidas, sem pensar nas consequências.

16h Farol, de Maria Saakyan (2006)
Lena, originária de uma pequena cidade cáucasa, foi procurar a sua felicidade em Moscou. Ela regressa para a cidade natal, onde moram seus avós e eclodiu a guerra. Todos preferem não falar sobre a guerra, mas é impossível ignorá-la e agora Lena tem que descobrir o mundo dentro da guerra e compreender que fugir não quer dizer se salvar ou salvar os outros. O destino dela é encontrar a si própria nesta situação.

19h Menina internacional, de Piotr Todorovsky (1989)
Um dos primeiros filmes na história do cinema soviético que aborda um dos temas tabus da URSS: a prostituição. Tânia trabalha oficialmente como enfermeira, mas ganha a vida como prostituta. Em busca de um novo começo, ela quer fugir da difícil realidade soviética. Porém, a única saída para ser independente é deixar o país e casar-se com um estrangeiro.

Mostra de Cinema Russo Contemporâneo
Caixa Cultural Curitiba: R. Conselheiro Laurindo, 280. (41) 2118-5111.
De 22 a 27/11.

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