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As inspirações por trás de ‘A menina que abraça o vento’, livro infantil que fala, sobretudo, de saudade

Escrito pela jornalista carioca Fernanda Paraguassu, o livro foi editado em Curitiba e já encantou muitos. Conversamos com a autora!

Jornalista e editora de livros de arte e cultura contemporânea, Fernanda Paraguassu tem 42 anos e dois filhos. Migrou do Jornalismo para a literatura infantil e hoje tem dois livros publicados, o “Buenos Aires Com Crianças Aventurinhas na Terra do Dulce de Leche” e seu mais novo “filho”, o livro “A menina que abraça o vento – a história de uma refugiada congolesa”, que foi publicado pela curitibana Editora Voo.

“Às vezes tenho a sensação de que a história do livro [A menina…] veio pronta pra mim”, afirma a escritora. O livro ajuda a apresentar o tema ‘refúgio’ às crianças, com objetivo de promover o acolhimento àqueles que chegam em um novo país. No mínimo curiosos quanto ao tema central da obra, conversamos com Fernanda sobre os desafios ao escrever esse novo livro, saudade e as inspirações utilizadas na hora de escrever.

A menina que abraça o vento

Em 2011 você lançou o livro infantil “Buenos Aires com crianças”, um livro com um tema mais ‘leve’ que o ‘ A menina que abraça o vento ’. Qual foi a maior diferença entre os dois na hora de escrever ?

Foram duas propostas diferentes. O livro de Buenos Aires é um guia ilustrado, resultado de um blog que escrevi durante os dois anos que morei na Argentina, com dicas para quem está na cidade com crianças. Ou seja, eu falo com o adulto, ainda que a linguagem seja simples e direta. Mas no livro da menina, eu falo diretamente com a criança. Da mesma maneira, busquei uma linguagem simples e direta, num texto leve, para tratar de um tema mais difícil.

A ideia do livro ‘ A menina que abraça o vento – a história de uma refugiada congolesa’ surgiu quando você estava fazendo uma pesquisa sobre as mulheres refugiadas no Rio de Janeiro. Por que você decidiu fazer um livro sobre as histórias das crianças?

Quando observei uma brincadeira de um grupo de meninas congolesas que estavam no pátio da Cáritas RJ [Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio], senti que ali havia uma história de força que merecia ser contada para outras crianças. Conversei com a equipe da Cáritas, que acolheu o projeto por ver num livro infantil uma base para apresentar o tema para estudantes, durante as conversas que eles fazem nas escolas.

Mesmo a história sendo sobre uma criança, ela poderia ser para um adulto. Foi algo pensado?

Essa história é também para adultos, porque trata de uma forma de lidar com o sentimento que toca todo mundo, que é a saudade. Crianças e adultos podem sentir a falta de alguém querido em qualquer circunstância. O que chama a atenção nessa história é a maneira que uma criança encontrou para lidar com essa falta.

Como foi o seu contato com as crianças para escrever a história? A história tem uma inspiração maior em alguma das crianças?

Logo na primeira visita que fiz à Cáritas RJ fui abordada por um grupo de meninas que brincavam ali. Eu estava com um caderno de anotações e uma delas me pediu para eu escrever uma história. Ela tinha um sotaque lindo. Pedi que ela escrevesse seu nome no meu caderno. Ela escreveu em letra de forma. Eu pontilhei seu nome em letra cursiva. Juntas, desenhamos o nome dela. É uma menina encantadora e conversadeira, como a menina do livro. Mas a brincadeira de abraçar o vento aconteceu com outra criança. Uma menina mais miúda. No mais, a história foi adaptada para ser de todas elas.

Quais são os maiores desafios na hora de escrever para o público infantil?

Tive um cuidado diferente com a escolha das palavras, a construção do texto em frases curtas, a repetição do sujeito, a presença do diálogo. No trabalho de elaboração de conteúdo, estou acostumada a escrever textos em diferentes tamanhos e estilos. Dessa vez, foi um outro tipo de desafio atingir a concisão do pensamento e a clareza da mensagem no texto, que aliás foi enriquecido com a linda ilustração da Suryara Bernardi. Mas, ao mesmo tempo que foi desafiador, foi uma delícia.

Por que a escolha de uma editora de Curitiba?

Foi especial encontrar a Editora Voo, que tem o selo infantil Vooinho. Além da equipe ser fantástica no cuidado com nossas ideias e na condução de todo o processo de publicação do livro, a Voo tem o projeto Um por Um de contrapartida social, que se encaixou perfeitamente no que eu queria. Cada livro que é vendido tem parte da renda destinada ao Programa de Atendimento a Refugiados da Cáritas RJ.

O que você espera que o livro leve às pessoas?

Informação. A falta de conhecimento da população local tem sido uma barreira para a inclusão de crianças refugiadas. É preciso disseminar o conhecimento em relação do tema para que essas crianças sejam verdadeiramente acolhidas. Só vamos conseguir abraçá-las de fato, se estivermos de braços abertos.

Serviço

A menina que abraça o vento – a história de uma refugiada congolesa

Preço sugerido: R$ 32.

À venda na AmazonEditora VooLivraria Cultura e Travessa.

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