Brasil no Grammy: a trajetória do país na maior premiação da música mundial
Na última sexta-feira (7), foram revelados os indicados do Grammy Awards 2026. Entre eles, estão Caetano Veloso e Maria Bethânia, que concorrem na categoria Melhor Álbum de Música Global com o disco “Caetano e Bethânia Ao Vivo”, resultado da primeira turnê conjunta dos dois em 46 anos.
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Com essa indicação, o Brasil volta a ocupar um espaço de destaque na maior premiação da música mundial. O álbum, que reúne 33 faixas e versões emocionantes de clássicos como Brincar de Viver, Vaca Profana e Reconvexo, celebra não apenas a parceria entre dois dos maiores nomes da MPB, mas também a longeva e respeitada presença da música brasileira no Grammy.

A relação do Brasil com a Academia da Gravação começou ainda nos anos 1950, quando o violonista Laurindo Almeida se tornou o primeiro brasileiro a vencer um Grammy. Em 1959, ele levou o prêmio de “Melhor Engenharia de Álbum Clássico” pelo projeto Duets with the Guitar, abrindo caminho para as gerações seguintes. Poucos anos depois, a bossa nova conquistaria o mundo, e, também, o Grammy com o álbum Getz/Gilberto (1965), de João Gilberto e Stan Getz, que venceu Álbum do Ano. Na mesma cerimônia, a faixa The Girl from Ipanema deu à cantora Astrud Gilberto o prêmio de Gravação do Ano, primeira mulher a vencer a categoria.
Nas décadas seguintes, o país manteve sua presença de forma intermitente, mas sempre marcante. Em 1973, Eumir Deodato conquistou o Grammy de Melhor Performance Pop Instrumental com Also Sprach Zarathustra, e chegou a ser indicado como artista revelação no ano seguinte. Em 1984, o reconhecimento veio também para o repertório erudito: Heitor Villa-Lobos e a soprano Bidú Sayão receberam o prêmio póstumo no Hall da Fama por Bachianas Brasileiras nº 5, reafirmando a amplitude do talento musical brasileiro.
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Os anos 1990 trouxeram uma nova leva de vitórias, especialmente nas categorias voltadas à música mundial. Sérgio Mendes venceu em 1993 com o álbum Brasileiro, e Milton Nascimento repetiu o feito em 1998 com Nascimento. Em 1999, Gilberto Gil levou o prêmio de Melhor Álbum de World Music com Quanta Live, e no ano seguinte Caetano Veloso venceu a mesma categoria com Livro, consolidando o protagonismo da MPB no circuito global. Pouco depois, em 2001, João Gilberto voltou a ser premiado, dessa vez por João Voz e Violão, um disco de voz e violão que reafirmava a força da simplicidade e da autenticidade na música brasileira.

O Grammy Latino, por sua vez, é um caso à parte, e um dos espaços onde o Brasil tem presença muito mais constante e expressiva. Criada em 2000 para valorizar produções em português e espanhol, a versão latina da premiação se tornou uma vitrine essencial para a música brasileira. Nela, artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Ivete Sangalo e Chico Buarque estão entre os mais premiados da história. Em 2024, nomes como Jota.Pê, Lulu Santos, Liniker e Ana Castela representaram o país entre os vencedores, em categorias como Melhor Canção em Língua Portuguesa e Melhor Álbum de Música Popular Brasileira. A presença consistente de artistas brasileiros no Grammy Latino reflete a força cultural e a vitalidade da nossa música dentro do universo hispano-americano — um reconhecimento mais frequente, mas igualmente valioso.
A trajetória brasileira no Grammy internacional, por outro lado, é feita de aparições pontuais, porém marcantes — reflexo de uma indústria que, embora periférica no mercado global, é central em sensibilidade, poesia e inovação.
*Sob supervisão da jornalista Brenda Iung.