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Luiza Trajano projeta a retomada do consumo

A empresária fala sobre o peso do juros e a força do consumo popular

Empreender no Brasil nunca foi para amadores, mas 2025 mostra um país com desafios que podem abrir oportunidades. Nessa conversa exclusiva para esta coluna e a Rádio Jovem Pan News Paraná, a presidente do Conselho do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, fala sobre o peso dos juros, a força do consumo popular e a revolução esperada com a inteligência artificial.

Como é empreender no Brasil de 2025?

É interessante, porque a gente costuma dizer: “Ai, o Brasil é muito difícil, para empreender.” Realmente, eu acho que a reforma tributária vai trazer simplificação, porque o problema é a burocracia e também o juro alto. Esse juro atrapalha principalmente o pequeno e médio (empresário) porque é um juro que não tem razão de estar a 15%.

Por outro lado, estamos com um nível de emprego bom, sob controle de muita coisa. Temos um país que tem diversidade econômica, as pessoas precisam de coisas ainda, não é consumismo. Temos que construir 20 milhões de casas próprias para ter um nível de igualdade social, no mundo, em dez anos. Então, nós temos um consumo ainda saudável, porque todo mundo tem o direito de ter uma casa, uma máquina de lavar, um guarda-roupa, uma cama boa.

Um corte na taxa de juros poderia tornar esse cenário favorável?

Se der um sinal, não precisa vir a taxa de juros que a gente tinha, mas, se der um sinal e começar a baixar esse juro devagar, você vai ver o que vai acontecer com a economia, porque o nível de emprego está alto. E como que a gente, em um país pobre, vive? Você vive de renda e de crédito. A renda só pode vir do salário. Nós não temos dinheiro sobrando para vir de outra forma.

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E qual é o impacto da inteligência artificial nos negócios?

A gente viveu, dentro do digital, ondas muito fortes e uma onda grande quando veio o mobile, e o celular passou a fazer 1.001 coisas. Agora é a inteligência artificial. Realmente uma grande transformação! O que eu posso dizer é que somos uma empresa do interior de São Paulo, totalmente brasileira, com mais de 45 anos, que nasceu física e, hoje, temos mais de 1.200 lojas e concorremos com empresas que já nasceram digitais e muito grandes.

Conseguimos ter 4 laboratórios, lançar o projeto de uma loja no Conjunto Nacional (em São Paulo), que vai ser uma reinvenção da loja de departamento, na qual vamos estar no físico e no digital.

E o que dizer para quem está começando?

O que eu tenho para falar é: começa, vai fazendo, você tem que estar sempre atualizado. A mudança é muito rápida, mas, quando você se acostuma também com esse ritmo – e a sua equipe, é muito mais fácil. O físico não vai mudar, mas ele tem que ser transformado. Não tem como.

*Matéria originalmente publicada na edição #306 da TOPVIEW.