SELF COMPORTAMENTO

Braquage à Lisbonne

Um roubo em Lisboa rompe a calmaria e escancara os contrastes da vida real

Caros, isso é uma reprodução livre da minha versão “magicalizada” do roubo de joias que presenciei em Lisboa. No mês de fevereiro, por volta das 10h45, desci para dar um beijo em um amigo que estava no grupo da viagem. Recebi uma mensagem de outro amigo, “R.”, que havia chegado e queria tomar um café.

O hotel “X.”, em que estávamos, é um dos mais chiques de Lisboa, com vista para a cidade cheia de casas coloridas e jacarandás floridos. Dois dias antes, ao chegar, fui recebida por um motorista elegante, que me falou sobre os Jacarandás, que, segundo ele, vieram do Brasil e florescem duas vezes ao ano, uma no verão europeu e novamente em outubro, quando é outono aqui. “Eles têm lembrança do lugar de onde vieram”, contou o homem.

Paisagem em Portugal. (Foto: acervo pessoal)

Admirando os jacarandás, perdi-me em memórias do Brasil, lembrando de momentos passados. O motorista me fez sentir em casa em Portugal e conversamos sobre a nova geração, que pode salvar o planeta. A conversa fluiu até eu chegar ao hotel, no qual, no dia de minha partida, durante uma fofoca na varanda, ouvimos gritos de uma mulher lá embaixo pedindo pela polícia.

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A mulher, com cerca de 40 anos, estava desesperada, enquanto um homem com um saco xadrez a seguia. Meu amigo gritou para ela correr. A cena parecia um filme, mas era a realidade. Todos os
homens no terraço desapareceram, e só a mulher e meu amigo tentaram agir.

Ela subiu as escadas do hotel, e o barulho de seus saltos ecoava. Era a única a enfrentar os assaltantes, enquanto a sirene da polícia soava ao longe. Os homens fugiram em trotinetes e a cena se tornou um misto de emoção e urgência.

Voltei de Lisboa com a sensação de que devemos aproveitar a calmaria antes que os gritos se tornem inevitáveis. A vida é cheia de contrastes e, mesmo em meio ao caos, precisamos viver plenamente. Deixo aqui o convite à reflexão sobre os perigos que nos cercam, mesmo quando estamos em momentos destinados a relaxar. Infelizmente, nao estamos seguros em lugar algum.

A humanidade, como a vemos, tem os dias contados. Criemos nossas crianças para fazerem melhor do que nós. Um conselho meu: ainda temo o próximo assalto, mas não hesitarei em voltar ao mesmo lugar.

Lisboa é linda e ainda vale cada respiro dado por lá. É preciso também resistir e viver, apesar do medo, apesar de tudo.

*Matéria originalmente publicada na edição #302 da TOPVIEW

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