Paris Fashion Week: veja os destaques da temporada masculina
De 24 a 29 de junho, Paris reafirmou sua posição como epicentro do menswear com a Semana de Moda Masculina de Paris da temporada Primavera/Verão 2026 que equilibrou debuts impactantes, grandes nomes no front row, narrativas que unem tradição e ativismo e uma estética plural que faz o passado conversar com o presente.
Estreias que marcaram a temporada
Um dos momentos mais comentados foi a estreia de Jonathan Anderson na Dior Men, que transformou uma réplica da Gemäldegalerie de Berlim em passarela para revisitar os códigos históricos da maison. Alfaiataria de herança, detalhes rococó e toques de arte clássica ganharam leitura contemporânea, provando que a Dior pode evoluir sem perder suas raízes. Nomes como Rihanna, Daniel Craig e Donatella Versace prestigiaram o desfile.

Outro debut que renovou a energia criativa foi o de Julian Klausner na Dries Van Noten. O estilista, antes focado no feminino da casa belga, apresentou sua primeira coleção masculina em uma garagem no 11º Arrondissement. A paleta vibrante de amarelo, vermelho e rosa, junto de sobreposições de texturas e estampas irreverentes, sinalizou um futuro ousado para a marca.
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E se o frescor criativo ficou evidente nas passarelas, Simon Porte Jacquemus mostrou que a poesia ainda tem lugar no calendário fashion. O estilista fechou a semana com o bucólico “Le Paysan”, desfilado no pomar de citrinos de Luís XIV em Versailles, numa ode à sua própria família e às origens camponesas. Saias provençais volumosas, blazers coordenados e tons neutros pontuados por rosa deram o tom de um verão dramático e romântico.

Estrelas em foco
O poder das celebridades voltou a ser central, transformando front rows em verdadeiros palcos midiáticos. Pharrell Williams, por exemplo, transformou o Centre Pompidou em uma passarela cinematográfica para a Louis Vuitton, misturando o estilo dandy com ricas referências à Índia. Bordados de pedras preciosas, elefantes, palmeiras estampadas e malas trançadas à mão cruzaram tons pastel e padronagens quentes como xadrez mostarda e bordeaux. Na plateia, nomes como Beyoncé, Jay Z e Kylian Mbappé.

Na Saint Laurent, Anthony Vaccarello mergulhou na atmosfera setentista de Fire Island, lendário reduto LGBTQIA+ nova-iorquino. Camisas de seda esvoaçantes, shorts paper-bag e óculos oversized desfilaram ao redor de uma instalação aquática de Céleste Boursier-Mougenot, evocando sensualidade leve e despreocupada.
Já na Hermès, Véronique Nichanian deu uma aula de luxo silencioso. Entre espelhos no Palais d’Iéna, modelos surgiram em alfaiataria etérea com malhas leves, treliças que deixam a pele à mostra e detalhes sutis que renovam o frescor da casa para o verão parisiense.

Desfiles que reafirmam identidade
Além dos blockbusters, nomes como Rick Owens também reafirmaram seu DNA teatral com um show quase apocalíptico no Palais de Tokyo. A performance “White Satin Army of Love” traduziu uma estética entre o bíblico e o futurista, em que moda é discurso e arte performática.
Outro ponto alto foi a Wales Bonner, celebrando 10 anos de sua marca com uma coleção que equilibrou streetwear e alfaiataria refinada. Jaquetas de couro sobre polos, camisas estampadas vibrantes e ternos usados de forma desconstruída fizeram contraponto perfeito à colaboração revelada com a adidas Y-3, que trouxe seis novos modelos de tênis desejo.

Moda com propósito
O tema social se impôs com força no desfile de Willy Chavarria, que abriu sua apresentação com 35 modelos ajoelhados em camisetas brancas em colaboração com a ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis). O estilista, nascido em Huron, Califórnia, usou a passarela para denunciar a violência policial e as políticas anti-imigrantes. Tecidos italianos, peças genderless e uma prévia de colaboração com Charles Jourdan reforçaram o compromisso de redefinir o luxo por meio de narrativas inclusivas.

*Matéria feita sob supervisão da jornalista Ananda Oliveira.