Passaporte verde: destinos para quem busca uma viagem consciente
Em um mundo cada vez mais atento aos impactos ambientais, o turismo sustentável deixou de ser um atrativo para se tornar necessário. Mais do que conhecer destinos deslumbrantes, os turistas buscam viajar com propósito — respeitando culturas, cuidando da natureza e contribuindo com as comunidades locais.
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Foz do Iguaçu (PR)
No encontro entre Brasil, Paraguai e Argentina, o lar das Cataratas também é uma cidade modelo em sustentabilidade, reconhecida como uma das 200 cidades brasileiras melhor avaliadas no Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC-BR). O turismo, sua principal força econômica, é pautado por práticas que integram inclusão social, proteção ambiental e inovação.

O Parque Nacional do Iguaçu é um exemplo emblemático: Patrimônio Natural da Humanidade e uma das Novas Sete Maravilhas da Natureza, abriga as Cataratas do Iguaçu e funciona sob modelo de concessão sustentável. O manejo responsável da visitação, somado a iniciativas de acessibilidade e trilhas educativas, oferece aos visitantes uma experiência que coloca a biodiversidade local em primeiro lugar.

Além disso, iniciativas como o Parque das Aves, que prioriza fornecedores locais e promove educação ambiental, e a Itaipu Binacional — com projetos de reflorestamento como o Nova Mata e ações voltadas à energia limpa — reforçam o protagonismo ambiental da cidade.
A cidade também se destaca em saneamento básico, coleta seletiva, acesso universal à energia e políticas públicas de educação e saúde baseadas em critérios sustentáveis. Em um cenário nacional desafiador, Foz é uma inspiração para destinos que buscam unir turismo e preservação com responsabilidade e visão de futuro.
Fernando de Noronha (PE)
A beleza tropical brasileira junto à proteção ambiental. Reconhecido como Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO, o arquipélago de Fernando de Noronha — formado por 21 ilhas, das quais apenas uma é habitada — tornou-se símbolo do ecoturismo consciente. A preservação é promovida por um sistema de controle rígido de acesso e de atividades.

Desde o momento da chegada, o visitante já entende que está em um lugar diferente: há um limite de turistas por dia, e é necessário pagar duas taxas — uma de preservação ambiental e outra para acesso ao Parque Nacional Marinho. O dinheiro arrecadado financia ações de conservação, educação ambiental e infraestrutura sustentável.

As praias, algumas das mais belas do mundo, e os mergulhos revelam um verdadeiro universo submarino, com golfinhos-rotadores, tartarugas e recifes de corais. Para preservar esse ecossistema delicado, atividades como snorkeling e passeios de barco são altamente regulamentadas.

Também há políticas locais para reciclagem, gestão de resíduos sólidos, incentivo a fontes de energia renovável e combate à pesca predatória. Além disso, a educação da comunidade local valoriza práticas sustentáveis e capacita os moradores para atuarem como guardiões do arquipélago.
Bonito (MS)
Em meio ao cerrado do Mato Grosso do Sul, Bonito se destaca como um dos destinos referência turismo responsável no Brasil e no Mundo. Conhecida por um roteiro com grutas, rios cristalinos, cachoeiras e fauna rica, a cidade teve um crescimento exponencial do turismo nos anos 1990 com um modelo pioneiro de gestão ambiental.

A chave do sucesso está no sistema de voucher digital único, que controla a capacidade diária de visitantes em cada atrativo. Assim, evita-se a sobrecarga ambiental e garante-se a qualidade da experiência turística. Toda venda de passeio é registrada em tempo real e parte da receita é revertida diretamente para os cofres públicos, o que permite investimentos contínuos na conservação da cidade.

Além disso, há exigências ambientais rigorosas para os operadores de turismo e monitoramento constante da fauna e da flora. Os guias atuam também como agentes de educação ambiental. A cidade coleciona prêmios internacionais pelo seu compromisso com o meio ambiente e já foi eleita como o melhor destino de ecoturismo do Brasil diversas vezes. A sustentabilidade em Bonito também se reflete no incentivo ao consumo local: hospedagens, restaurantes e lojas valorizam produtos regionais.
Edimburgo (Escócia)
A capital escocesa, Edimburgo, une a tradição de séculos com políticas ambientais modernas, mostrando que é possível desenvolver o turismo urbano com responsabilidade ecológica, inclusão social e valorização da herança cultural.

A cidade é uma das primeiras do Reino Unido a implementar uma estratégia pública de turismo sustentável com o objetivo de atingir emissões líquidas zero até 2030. Para isso, Edimburgo investe em transporte público elétrico, ciclovias, energia limpa e certificações ambientais para empresas do setor hoteleiro e gastronômico. O turista encontra desde hotéis com selos de sustentabilidade até bares que reaproveitam ingredientes na elaboração de drinks e pratos.
O whisky, além de uma tradição centenária na região, é parte de uma cadeia produtiva que valoriza práticas sustentáveis. Destilarias locais investem em energia renovável, reaproveitamento de água e cultivo responsável da cevada, promovendo experiências imersivas para os visitantes.

A conexão com a natureza também é valorizada: parques urbanos, áreas de preservação e passeios ecológicos integram a experiência do visitante. Um dos símbolos dessa harmonia é o Arthur’s Seat, um antigo vulcão extinto que oferece vistas panorâmicas da cidade e pode ser acessado a pé por trilhas bem sinalizadas. Mesmo com o clima desafiador, a população — e os turistas — são incentivados a aproveitar o ar livre.
Edimburgo também se destaca pela valorização da economia circular e da agricultura urbana. Mercados locais oferecem produtos orgânicos, de pequenos produtores da região, e festivais culturais promovem consumo consciente e práticas de baixo impacto ambiental.
*Matéria originalmente publicada na edição #301 da TOPVIEW