Transformação ambiental
Quando Diego Saldanha olhou para o Rio Atuba, em 2016, e se deparou com um corredor de lixo em um lugar com memórias afetivas da infância, soube que precisava agir. Sem apoio, sem recursos, apenas com determinação e criatividade, ele iniciou um projeto que, hoje, já retirou toneladas de resíduos das águas e se tornou referência em preservação ambiental.
A primeira versão da ecobarreira, construída com garrafas PET, era simples, mas eficaz. “Foi desafiador. Não tinha experiência nem recurso, tinha que usar muita a criatividade”, relembra. A repercussão foi imediata e, desde então, o projeto nunca mais parou de crescer. Hoje, a barreira é feita com tambores de 50 litros envolvidos em uma rede de proteção que impede a passagem do lixo rio abaixo.
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Três vezes por semana, Diego se dedica à retirada dos resíduos capturados. O que pode ser reaproveitado é encaminhado para iniciativas de recuperação de brinquedos ou para seu museu do lixo, um espaço que evidencia o impacto dos descartes irregulares. Com o passar do tempo, técnicas inovadoras foram incorporadas, como a retirada de objetos metálicos por magnetismo, permitindo, então, alcançar o que fica no fundo do rio.
O compromisso de Diego vai além da limpeza do rio. Ele percebeu que a educação e a conscientização são fundamentais para mudanças duradouras. Por isso, percorre o país como palestrante e atua como influencer de ecologia no perfil @ecobarreiradiego-saldanha.
Mas Diego também reconhece a necessidade de apoio para um problema tão latente. “A proposta pode avançar em larga escala, desde que tenha muito interesse da iniciativa privada e da iniciativa pública, porque preciso de suporte e investimento.” Apesar do impacto positivo, Diego nunca recebeu incentivos do setor público, no entanto, empresas privadas já deram suporte, patrocinando palestras e divulgando o projeto. Ainda assim, o desafio da manutenção e expansão permanece.
Cada garrafa recolhida e cada resíduo impedido de seguir pelo rio é uma vitória. Diego transformou indignação em ação, e sua jornada mostra que pequenas atitudes podem, sim, mudar o mundo. Que sua história nos inspire a cuidar melhor dos nossos rios, das nossas cidades e do planeta que compartilhamos.
*Matéria originalmente publicada na edição #298 da TOPVIEW.