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TOP TALK com Paulo Pimentel: trajetória, legado e visão de um ícone da história paranaense

Uma vida entre o poder, a comunicação e o amor por Curitiba

Aos 96 anos de idade, Paulo Pimentel abriu as portas de um museu particular que mantém em Curitiba para compartilhar parte de sua vida, marcada por grandes posições de poder e um legado inestimável. Da infância em Avaré, interior de São Paulo, à paixão e quase obsessão pelo Direito enquanto aluno da Universidade de São Paulo, na capital paulista, até se tornar um nome e tanto na história do Paraná, Paulo tem memórias sem fim. Afinal, a sua trajetória pessoal se entrelaça com a da terra em que criou raízes.

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A vinda para a capital paranaense pôs fim ao antigo sonho de ser professor de Direito na USP e deu lugar a uma carreira como executivo, na empresa Ricardo Lunardelli, seu sogro, e, posteriormente, como gestor público. No início da década de 1960, foi nomeado secretário da agricultura do Paraná e, cinco anos depois, tornou-se governador do estado como um dos políticos mais novos a assumir o cargo, aos 37 anos.

Além de “boa-pinta”, ficou conhecido pelas mensagens e medidas populares em seu mandato. Pimentel intensificou o financiamento industrial, deu atenção especial à área de saúde pública e deu início e segmento a projetos de assistência social, obras públicas, rodovias e agricultura. Um avanço considerável marcou o mandato, que começou em um cenário provinciano: ele conta que, quando chegou ao Palácio Iguaçu, a vista era para um pasto que ficava na frente do edifício.

Nos anos 1970, elegeu-se deputado federal e só deixou a Câmara dos deputados na década de 1990 – quando também passou a dedicar-se com mais intensidade aos negócios. O grupo que levava seu nome se consolidou como um conglomerado de mídia que abrangia todo o estado. Além dos veículos de comunicação, Pimentel fez crescer uma série de empreendimentos ligados à agricultura.

O que mais cresceu ao longo desses anos foi um amor genuíno pela cidade de Curitiba. Pimentel concentrou todas as suas propriedades na capital e cultiva planos de expansão e legado  nesta que considera ser sua casa.

Defina sua profissão em uma frase.

Eu tenho várias profissões. Tenho uma personalidade múltipla. Me formei como advogado pela Universidade de São Paulo. Fui político, jornalista, empresário de comunicação, pecuarista e empresário da área agrícola.

Uma curiosidade sobre você.

Viajei muito com a intenção de buscar conhecimento. Adorava viajar e enjoei de viajar de navio. E eu sempre estudei. Leio tudo o que posso: jornais, revistas, livros…

Quem é a sua maior referência?

Alguém que não é contemporâneo meu: Rui Barbosa. Conheço toda a vida dele.

Como foi a sua entrada para a vida pública?

Fui para uma linha que todos os meus amigos e colegas censuravam e foi um desastre. Os conselhos da minha cidade pequena eram para eu não ir para esse lado. A minha mãe morria de medo. Mas eu entrei na política com um objetivo: mudar as coisas.

Como você enxerga a gestão pública atualmente?

As elites querem evitar que os descendentes se tornem políticos, mas nós só podemos melhorar o mundo político introduzindo gente boa. É melhor um bom nome do que um baú de dinheiro. O poder público é igual a uma empresa privada: só se pode gastar aquilo que recebe.

Como é acompanhar o seu neto, Eduardo Pimentel, na prefeitura hoje?

Eu convivi muito com ele, desde quando nasceu. Diziam até que a mãe dele era a minha filha favorita, e ele é o mais novo dos filhos dela. Ele trabalha comigo e um dia me disse: ‘Vô, eu quero trabalhar em uma função pública.” Fui com ele até o Beto Richa, que era prefeito na época, para pedir emprego, e ele foi criando o espírito político, com todos nós incentivando. Ele é doutrinado para ser um grande político, um político de escola. Eu acho que ele vai ser um grande prefeito. Eu quero que o Eduardo seja melhor do que eu em termos de competência e moralidade.

Qual considera ser o seu legado?

Estou passando para os meus descendentes um patrimônio razoável. Mas isso, para mim, nunca prestou e não presta ainda hoje. O que vale é o nome. O dinheiro vai. O nome fica.

*Matéria originalmente publicada na edição #298 da TOPVIEW

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