A estrela da edição: conheça a Casa da Pedra de Caiobá
O editorial da edição de verão da TOPVIEW foi exclusivo sob diversas perspectivas, inclusive quando se trata de cenário. Entre tantas casas já fotografadas, a estrela da vez foi a Casa da Pedra, localizada em Caiobá, no litoral do Paraná, responsável por unir arquitetura, design e moda em uma experiência estética de verão.
Projetada em 1965 pelo renomado escritório Forte Gandolfi, a casa é um marco da arquitetura modernista brasileira e, praticamente, um ponto turístico do litoral do estado. Com linhas arrojadas, forte influência do brutalismo paulista e uma estrutura incrível que parece desafiar a gravidade, a construção foi assentada sobre as pedras do Morro do Boi, entre a Praia Mansa e o centro da cidade.
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Quase seis décadas depois de sua inauguração, em 2019, a Casa da Pedra passou por um minucioso processo de revitalização, que a tornou ainda mais impressionante, liderado pela arquiteta Elaine Zanon e pela designer de interiores Claudia Machado, do Escritório Arquitetare.
Modernismo reinterpretado
Com um projeto ousado para a década de 1960, os arquitetos Luiz Forte Netto e José Maria Gandolfi criaram uma residência que alia beleza e engenhosidade. Construída sobre grandes pilares incrustados nas rochas, a casa é suspensa por dois pórticos que sustentam sua laje de cobertura. Esse foi o caminho escolhido para criar uma estrutura robusta e, ao mesmo tempo, com impressionante leveza.
Na época da construção, essa abordagem era vista como vanguardista, especialmente considerando a localização desafiadora do imóvel. Os amplos espaços internos, combinados com a varanda, com vista panorâmica para o mar, fazem com que quem esteja no interior se sinta flutuando sobre um horizonte azul.
Evolução
A passagem do tempo trouxe novas necessidades para a Casa da Pedra. Foi então que o proprietário decidiu investir em um projeto de retrofit que preservava a essência da obra original. Com a missão de renovar sem desconfigurar o projeto original, Elaine Zanon e Claudia Machado, do escritório Arquitetare, enfrentaram um desafio de preservação. “Ao conciliar a preservação de suas características originais com as necessidades de uma nova família contemporânea, criamos um espaço atemporal que celebra o passado e olha para o futuro. É com grande satisfação que fazemos parte dessa história”, diz Eliane.
Materiais como madeira, vidro e o branco predominaram, tanto na fachada quanto nos interiores, garantindo a beleza natural da vista para o mar. Um dos destaques da intervenção foi a substituição das esquadrias por modelos mais modernos, que permitem a aber-tura total das janelas. Isso transforma a área social integrada em uma ampla varanda voltada para o mar, além de conectar os espaços internos e externos. Para atender às normas atuais e oferecer maior segurança, o guarda-corpo da varanda foi trocado por um modelo de vidro extra clear, que combina discrição e transparência.
Um dos pedidos do proprietário foi a ampliação do número de quartos, mudança que foi realizada sem aumentar a área total da casa, de 437 m². Para isso, paredes internas foram reposicionadas com o uso de painéis ripados, um elemento original do projeto que foi recriado para atender à nova demanda. Os quartos ganharam brises em madeira, que reforçam a linguagem arquitetônica.
Entre as inovações mais impactantes está a instalação de uma piscina com lateral em vidro. Posicionada na varanda, ela permite que os banhistas apreciem o mar mesmo quando submersos. “A borda infinita para a paisagem torna a casa ainda mais especial, como se você estivesse em um barco olhando o mar”, complementa a arquiteta responsável. Para facilitar a acessibilidade, um elevador, também com vista panorâmica para o mar, foi adicionado à estrutura.
Minimalismo e sofisticação
No interior, o estilo minimalista tem predominância, como manda o princípio da sobriedade da arquitetura modernista. A paleta de cores neutras é quebrada pontualmente por obras de arte, com destaque para as criações do artista paranaense Carlos Eduardo Zimmermann. Um elemento impossível de não ser notado é a poltrona Mole, assinada por Sergio Rodrigues. A peça dialoga harmoniosamente com o contexto histórico da casa.
Ao conciliar a preservação de suas características originais com as necessidades de uma nova família contemporânea, foi criado um espaço atemporal que celebra o passado e olha para o futuro.