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A autoestima dos nossos filhos, por Sandro Beira

Em sua coluna de estreia, o cirurgião plástico Sandro Beira propõe uma reflexão sobre imagem, infância e amor

Em nossas rotinas, mesmo que indiretamente, abordamos muito a questão da autoestima. Procuramos criar nossos filhos doando a eles nossos melhores sentimentos. Fazemos isso com palavras de afirmação, atitudes de carinho e respeito, atenção por meio da audição ativa e tempo de qualidade, materializando nossos sentimentos por meio de presentes. No entendimento de um pai, essas atitudes significam amor. Mas isso é suficiente? Estamos realmente atingindo nosso objetivo, de formar crianças fortes física e emocionalmente?

A intenção de formarmos nossos filhos da melhor maneira possível está implícita em todas as nossas atitudes e também na forma como nos comunicamos com eles. Refletindo um pouco sobre isso, qual tem sido a qualidade da linguagem que temos usado para comunicar o amor aos nosso filhos? A palavra é suficiente para transmitir os sentimentos profundos? Às vezes me pergunto qual tem sido realmente o papel que tenho representado como pai na construção dos sentimentos que meus filhos têm por si mesmos.

Com certeza, a construção dos sentimentos de amor, respeito, admiração e ternura que temos por nós mesmos resultaram da forma como fomos criados. O legado que recebemos de nossos pais e familiares está impresso profundamente em nossa memória, na forma como nos percebemos e nos sentimos em relação a nós mesmos. Como consequência, essa construção interna vai determinar a qualidade dos sentimentos que vamos passar adiante, para a futura geração e também para aqueles indivíduos que fazem parte do nosso relacionamento mais íntimo, que encontramos ao longo da vida. É poderoso pensar que podemos influenciar o futuro da humanidade pela forma como comunicamos o amor para nossos filhos.

É poderoso pensar que podemos influenciar o futuro da humanidade pela forma como comunicamos o amor para nossos filhos.

Como a linguagem não é apenas falada, nosso comportamento diante da aparência física de nossos filhos também é percebida por eles. As deformidades físicas, estéticas ou não, são gatilhos para uma autoestima baixa em função do espelho que o outro, em especial nossos pais, refletem para nós. Na infância, essa percepção por meio do olhar do outro é muito importante devido à ausência de filtros de proteção do “eu “ que se encontra em formação. A influência dos pais e familiares próximos, e depois do próprio convívio escolar, determinam um forte impacto sobre a autoimagem. De início, essa situação não é consciente, porém ela vai se manifestar ao longo do tempo na forma como uma pessoa se vê. A cirurgia plástica desempenha um papel importante na prevenção de distúrbios emocionais e de baixa autoestima na infância, por meio da restauração da harmonia física.

Há casos em que consultar um especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica é uma atitude de amor e respeito com o seu filho. O filme Wonder (que por aqui ganhou o nome de Extraordinário) retrata muito bem a história de um menino que nasce com uma deformidade facial congênita, que passa por inúmeros procedimentos cirúrgicos e inicia sua vida social na escola. A interação do personagem no relacionamento familiar e com seus colegas de escola fornecem um universo maravilhoso para a interpretação do valor da construção da autoestima saudável. Fica aqui uma mensagem poderosa na formação de adultos saudáveis. Que eles possam ter inteligência emocional e inspirar a liderança nas futuras gerações.

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