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A história de Daniele Lieuthier que foi em busca dos melhores chás pelo mundo

Disposta a conhecer de perto o universo dessa bebida, a publicitária partiu de Curitiba e visitou 7 países diferentes em 10 meses

Percorrer o mundo, passando pelos países mais significativos em termos de produção, consumo e cultura de chá – foi isso que motivou Daniele Lieuthier a sair de Curitiba no dia 30 de julho de 2013. Com a experiência de quem já havia morado duas vezes fora do país (um ano na França e um ano e meio na Argentina) e trabalhado como cozinheira e gerente de restaurante na capital paranaense, a publicitária planejou sua viagem de descobrimento. Inicialmente, a rota previa países como Índia, Nepal e Japão, mas o itinerário mudou um pouco ao longo do caminho. “Novas oportunidades foram surgindo e fui me adaptando”, revela Daniele.

Para bancar seu sonho, Daniele vendeu o carro e economizou dinheiro. No meio da rota, começou a prestar consultoria para uma casa de chá de Istambul e um café de Xangai, além de escrever para dois blogs, um deles de Londres. “Também comecei a trabalhar com a venda on line de alguns chás dos países por onde estava passando”, conta Daniele, que mantém o site caminhodocha.com desde o começo da viagem, no qual também relata sua experiência de viajante. Seu blog tem leitores de vários países, o que exigiu que ela começasse a postar também em inglês. “Recebi encomendas dos quatro cantos do Brasil, da Colômbia, da Itália, da Inglaterra, da Suíça e até do Japão”, conta, animada. A renda extra, somada a uma viagem de orçamento baixo, fez com que Daniele conseguisse seguir com seu projeto. Quando fez trabalho voluntário em fazendas, colhendo o chá, ela conseguiu dormir no local. Hospedou-se na casa de outras pessoas, sem custo nenhum (achava os locais em uma comunidade da internet chamada Couchsurfing) e optou sempre pela forma de transporte mais econômica. “Para ir da Turquia para a Tailândia, viajei durante 60 horas. Foram quatro aviões, um ônibus, um barco e um tuk tuk”, explica Daniele, que emenda: “Se tivesse viajado confortavelmente, não teria ido para a metade dos lugares pra onde fui”.

Recém-chegada a Curitiba, Daniele tem certeza de que todo o esforço valeu a pena. “Conforme fui aprendendo mais sobre chá, mais fui me apaixonando e me envolvendo. Agora não tem mais volta, do mundo dos chás não saio mais”, afirma. A ideia é continuar viajando, para conhecer e comprar sempre os melhores chás para sua loja, que deve abrir em julho ou agosto deste ano. A pedido da TOP VIEW, Daniele revelou as descobertas mais interessantes que encontrou pelo caminho. Refaça a seguir a rota do chá com ela.

O caminho do chá da Daniele Lieuthier

Paris (França)
Com 400 tipos de chá, de mais de 30 países, a casa Mariage Frères é de 1854 e afirma ser a dona do maior cardápio da bebida em todo o mundo. Passagem obrigatória, até por conta do seu menu de sobremesas, várias delas com chá entre seus ingredientes. A Daniele recomenda o Misty Island, uma manga flambada coberta com crumble. Em cima, uma bola de sorvete de chá de jasmim e coco.

Londres (Inglaterra)
Na terra do famoso chá das 5, várias casas oferecem o Afternoon Tea (chá da tarde). “É como se fosse um café colonial, mas em vez de ter café, tem chá”, explica ela. Não há bufê e os clientes são servidos na mesa. O cardápio de chás é variado e, em muitas casas, é preciso fazer a reserva com antecedência. E para evitar problemas, informe-se sobre o dress code também!

Istambul (Turquia)
O Spice Bazaar é um mercado que reúne cerca de cem lojinhas de temperos, chás, comidas e objetos de decoração. Daniele teve a chance de trabalhar como vendedora em uma das lojas de chá e dá uma dica valiosa: é mais seguro comprar os chás puros. Para comprar blends de qualidade, ela recomenda a casa Dem Karakoy.

Região do Mar Negro (Turquia)
A princípio, passar por Çayeli – que em turco significa mão de chá – não estava nos planos de Daniele. Mas a região abriga várias plantações e ela acabou indo para lá, onde trabalhou em uma. “Foi bem legal. Mas eles não fabricam chá nas fazendas, as grandes companhias compram dos fazendeiros e produzem”, explica.

Tbilisi (Geórgia)
“Fui em busca de chá, mas o que encontrei foi uma grande  fábrica interditada, que foi fechada depois da queda da União Soviética”, explica Daniele, que havia visto em livros e sites que se tratava de uma importante região produtora. A viajante acabou encontrando muito vinho em Tbilisi, capital do país. Visitou vinícolas, engarrafou vinhos artesanais e foi “obrigada” a curtir uma bebida diferente!

Tailândia
No norte do país, Daniele passou um final de semana com pessoas da tribo Lahu. Em um dos vilarejos onde eles moram, em Fang, as plantações de chá sobem os morros. A espécie cultivada é a assâmica, encontrada na região de Assam, na Índia, que cresce em árvores. “Dormi em uma casa de bambu, comi arroz cozido dentro de um tronco de bambu e tomei chá com uma família da tribo”, conta.

Yixing (China)
Dani trabalhou em plantação de chá, aprendeu a fazer chá em wok de ferro, visitou a região de Wuyishan – onde foi criado o chá Oolong e onde era produzido o chá para várias dinastias de imperadores chineses. O país, no qual a população bebe chá como se fosse água, tem muito a mostrar. “Também visitei duas cidades [Yixing e Jingdezhen] que são as capitais de bules de chá na China”, conta Daniele.

Taiwan (China)
A moda por aqui é o bubble tea, uma bebida que mistura chá verde, xarope de fruta e bolinhas de tapioca. No país, Dani ainda visitou um dos museus de chá que mais gostou em toda a viagem, em Pinglin, na região de Taipei. “O museu tem maquetes em tamanho real e retrata plantações de chá, fábricas e até casas de chá de diferentes dinastias chinesas”, conta.

Marrocos
“Aqui, a tradição é servir chá verde com menta fresca. Recomendo pedir sem açúcar, pois vem muito doce”, conta. Durante a temporada de flor, os locais servem o chá tradicional com pétalas de rosa ou flor de laranjeira. Durante um de seus passeios, Daniele também tomou chá com o povo do deserto do Saara.

Curitiba
Daniele aproveitou a viagem para se inspirar quanto à decoração, estrutura do negócio e cardápio da casa que pretende abrir. “O lugar já está certo, mas ainda é segredo”, conta. E depois de tanto contato com plantações, Daniele revela estar com vontade de plantar o seu chá também. “Mas vou dando um passo de cada vez. O primeiro vai ser a loja Caminho do Chá de Curitiba”, finaliza.

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