Carnaval em Curitiba (também) é rock ‘n’ roll
por Camila Gino
O Carnaval curitibano começou com a pegada rock´n´roll de mais uma, a 16ª edição do Psycho Carnival, festival de rock que foi crescendo ano a ano e ocupando lugar central – ao lado dos desfiles das escolas de samba e do bloco Garibaldis e Sacis – na cena curitibana. Esta segunda (16) é o último dia do festival, no Espaço Cult, em Curitiba.
Mais uma vez, em uma parceria com a Fundação Cultural de Curitiba, o evento se realizou junto com o Curitiba Rock Carnival, no estacionamento da Câmara Municipal de Curitiba, que reuniu 14 bandas no sábado (14) e domingo (15). Também dentro do festival, domingo (15) foi dia da Zombie Walk, a famosa marcha dos apreciadores dos gêneros de horror. Nesta entrevista, o organizador do Psycho Carnival, o produtor Vlad Urban, fala de rock ´n´roll e da evolução tanto da cidade quanto da cena curitibana de Carnaval.
TOP VIEW – Esta é a 16ª edição do Psycho Carnival: como o evento vem se integrando à cena curitibana de Carnaval?
Vlad Urban – De certa forma, ele sempre esteve integrado. A cena rockabilly/psychobilly/garage/surf/alternative country de Curitiba, que é uma parte importante da cena rock da cidade. Com a realização do Curitiba Rock Carnival desde o ano passado fica ainda mais evidente a variedade de estilos, com bandas de ska, hard rock, metal, mod, pop, hardcore, estamos com uma gama muito maior de estilos.
TV – Como ele modificou esta cena hoje tão ampla?
VU – Ele é um grande motor para a cena de rock curitibana, especialmente para essas bandas vinculadas ao rockabilly e ao psychobilly. Um festival é um evento que tem toda a cadeia da música presente, público, bandas, produtores, selos, lojas. É um ambiente que sempre impulsiona as bandas e a cena, de um modo geral.
TV – Para vocês, organizadores do Psycho Carnival, o que é hoje o Carnaval em Curitiba?
VU – É multicultural, tem espaço para o samba, para a marcha, para o rock, para o desfile das escolas. A cidade ganha muito com todos esses eventos juntos.
TV – Qual sua atratividade, considerando esta harmonização de opções que se configurou, com festival de rock, escolas de samba, zombie walk?
VU – Em relação a outros lugares do Brasil, acho que o Carnaval de Curitiba está encontrando o espaço dele. Talvez nunca seja o Carnaval de Recife, Salvador ou Rio de Janeiro, mas está encontrando opções para os foliões de todo o Brasil que gostam de outros ritmos ou outras opções. Ao mesmo tempo, não podemos esquecer dos movimentos que fizeram este Carnaval acontecer e deram identidade a ele, como o Bloco Garibaldis e Sacis e os desfiles das escolas e dos blocos na avenida.
TV – E em relação à cidade, à Curitiba contemporânea, como ela é? Qual sua identidade?
VU – Curitiba ainda está formando sua identidade. Somos uma cidade relativamente nova. Tivemos muita imigração, de diversos lugares e povos, que um dia devem formar a nossa identidade cultural. O próprio estado do Paraná autônomo tem pouco mais de 160 anos, então, acho complicado dizer que temos uma identidade cultural definida. Agora, se ouve de tudo e se faz de tudo, música, teatro, fotografia, poesia, artes plásticas, cinema, etc. Temos grandes artistas que, talvez, sendo um pouco mais conhecidos e lembrados, podem ser os forjadores dessa identidade cultural.
TV – Como é a relação desta cidade contemporânea com o Carnaval?
VU – Ainda hoje tem uma turma que torce o nariz para o Carnaval Curitibano, mas já foi diferente. Os carnavais dos anos 1970 e 1980 eram muito animados, principalmente os de clube. Lembro que quando eu era novo o grande lance era o Carnaval do Santa Mônica. Parece que, depois que ficou mais fácil ir para a praia, o Carnaval aqui deu uma grande esvaziada. Hoje, acho que o Garibaldis, a Zombie Walk, o Psycho Carnival acabam ajudando a resgatar esse momento de festa na cidade, de ir para a rua e ver Curitiba de um outro jeito.