Hobby em pequenas escalas

editado por Newton Gomes Rocha Jr., com reportagem de Daniel Batistella  fotos Lucas Ferreira

Ao se aposentar da função de consultor jurídico do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, em 1992, Murillo Zétola sentiu a necessidade de encontrar uma ocupação para preencher os momentos de ociosidade que viriam pela frente. E foi no nautimodelismo – a construção de modelos reduzidos de barcos, navios, veleiros e submarinos – que ele encontrou o que desejava. “No princípio era um simples passatempo, que mais tarde se converteu em hobby e que até hoje me envolve e fascina”, diz.

Zétola conta que, antes mesmo de se iniciar na atividade, sempre foi um admirador das maquetes navais – aquelas protegidas por redomas de vidros, que via em museus ou em fotos. Admirava o trabalho de detalhamento em escala reduzida não somente do universo naval, mas em qualquer uma de suas variantes – aviões, carros, trens etc. “Não há quem não se sinta maravilhado ante a precisão e a beleza das reduções. Elas despertam a criança adormecida que existe dentro de nós”, filosofa.

Tal interesse pelo tema fez com que o consultor jurídico se dedicasse a pesquisar, em publicações e em sites especializados, as noções e as técnicas necessárias para dar os primeiros passos no que considera uma arte. “A montagem das reduções, de um modo geral, é bem trabalhosa e exige paciência, disciplina e dedicação de quem pretende iniciar esse lazer”, adverte, contando que há peças que demoram sete meses para ficar prontas.

Desde que iniciou o hobby, Zétola produziu mais de 50 maquetes de diferentes modelos, épocas e nacionalidades. Lembra que uma grande quantidade delas carrega em si uma parcela da história e afirma que elas mostram seu lado didático ao servirem como uma referência física às narrativas dos eventos que protagonizaram. Como exemplos, há o navio inglês Cormorant VII (o maior que fez, com um metro de comprimento desde o mastro da proa até a popa), que travou uma batalha com a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, na Ilha do Mel, em 1850; a caravela Mayflower (que levou cinco meses para ser feita), que em 1620 transportou imigrantes ingleses fugidos da perseguição religiosa na Inglaterra; e o rebocador Liberty, que trabalhou na remoção de destroços submersos em Pearl Harbor, Havaí, em 1941, após o ataque aéreo japonês à ilha, marco da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.

Com o tempo, grande parte do acervo foi doado ou presenteado. Hoje, a maior parte dele se encontra no restaurante Porto Campelo, em Matinhos. Há dois anos, Zétola resolveu dar um tempo às miniaturas e passou a se dedicar à confecção de barcos meio casco, representações simplificadas de um casco de barco colado em painéis destinados à decoração de ambientes.

 

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