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Para Deltan Dallagnol, combater a corrupção vai muito além da Lava Jato

Ela faz uso da projeção que alcançou com a operação para tentar provocar mudanças maiores na sociedade

O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, dedica manhãs, tardes e noites integralmente ao trabalho há mais de três anos, quando a operação teve início.

Nesse período, a Lava Jato tomou proporções astronômicas, ramificou-se e alcançou setores para muito além dos contratos da Petrobras. Hoje, estão sendo rastreados 26 milhões de transações financeiras suspeitas, que totalizam mais de R$ 2 trilhões. São quase 1.800 procedimentos instalados e mais de 150 colaborações premiadas.

O resultado é acompanhado pela sociedade como uma novela. De forma inédita, foram desmembrados esquemas de corrupção envolvendo a alta cúpula dos poderes Legislativo e Executivo, em conluio com grandes empresas. Políticos poderosos acabaram presos.

De bochechas rosadas, alto e com discurso eloquente, Dallagnol tenta fazer mais. Concilia a Lava Jato com o ativismo pela aprovação de uma série de medidas de combate à corrupção. O procurador trabalha em um novo pacote de propostas – depois que o primeiro, que recebeu milhões de assinaturas em apoio, foi desfigurado pelo Congresso.

Ele acredita que a Lava Jato, apesar de “tirar água de pedra”, não resolve todos os problemas do país. Para isso, começou uma campanha pessoal, pelas redes sociais e em entrevistas, para incentivar os eleitores a votarem apenas em candidatos a deputado e senador com passado limpo e que apoiem a agenda anticorrupção. “São eles que podem, por meio de mudanças das regras do jogo, romper o círculo vicioso da corrupção”, diz, em entrevista à TOPVIEW.

*Matéria escrita por Amanda Audi e publicada originalmente na edição 206 da revista TOPVIEW.

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